Antidepressivos causam dependência? (e outros mitos comuns)

🟦 Introdução

Muitas pessoas chegam ao consultório com medo de iniciar um tratamento com antidepressivos. A maioria ouviu frases como:

“Esse remédio vicia.”
“Você vai tomar isso pro resto da vida.”
“Vai mexer com o cérebro.”
“Fulano tomou e ficou pior.”

Esses mitos — que circulam em conversas, redes sociais ou relatos mal interpretados — acabam afastando quem mais precisa de ajuda. Neste artigo, vamos esclarecer de forma objetiva e profissional o que é verdade e o que é mito sobre o uso de antidepressivos.


💊 Antidepressivos causam dependência?

❌ Mito.
Antidepressivos não causam dependência química como acontece com drogas como nicotina, álcool, benzodiazepínicos ou opioides.

Não há:

  • Busca compulsiva

  • Aumento progressivo de dose para o mesmo efeito

  • Comportamentos de abstinência como fissura

O que pode acontecer ao interromper o uso abruptamente é um efeito rebote ou síndrome de descontinuação, com sintomas como tontura, náusea, sensação de choque elétrico, irritabilidade. Mas isso não é dependência — e pode ser evitado com retirada gradual.


🔁 Vou precisar tomar antidepressivo para sempre?

❌ Mito.
O tempo de tratamento depende do diagnóstico, gravidade e histórico pessoal.

Geralmente:

  • Casos leves a moderados: 6 meses a 1 ano

  • Casos graves ou recorrentes: 2 anos ou mais

  • Transtornos crônicos (ex: depressão recorrente, bipolaridade): pode ser de longo prazo

Mas cada caso é único, e a decisão de manter ou retirar a medicação deve ser feita com acompanhamento médico.


🧠 Antidepressivo muda a personalidade?

❌ Mito.
Antidepressivos não mudam quem você é. O que eles fazem é ajudar o cérebro a restaurar o equilíbrio químico alterado pela doença, especialmente nos níveis de serotonina, noradrenalina e dopamina.

O que muda é:

  • Redução do sofrimento emocional

  • Melhora do foco, energia e motivação

  • Retorno ao padrão funcional saudável

Muitos pacientes relatam que “se reconhecem de volta” após o tratamento.


😶 Antidepressivo tira a libido e as emoções?

✅ Parcialmente verdadeiro (mas tratável).
Alguns antidepressivos — especialmente os ISRS como fluoxetina, sertralina ou escitalopram — podem reduzir a libido, o prazer sexual ou causar atraso na ejaculação/orgasmo.

Mas isso:

  • Não ocorre em todos os pacientes

  • Pode ser ajustado com troca de medicação

  • Há opções com menos impacto, como bupropiona ou vortioxetina

Além disso, a depressão em si já pode causar perda de interesse sexual e emocional.


💬 Outros mitos comuns:

🔸 “Antidepressivo é coisa de gente fraca”

❌ Falso. A depressão e os transtornos ansiosos são doenças reais, com base neurobiológica e impacto funcional severo. Procurar ajuda é sinal de coragem e maturidade.

🔸 “Só com remédio não melhora”

✅ Parcialmente verdadeiro.
O ideal é o tratamento combinado: medicação + psicoterapia + estilo de vida saudável.

🔸 “Depois que começa, não consegue mais parar”

❌ Falso.
Com acompanhamento adequado, a maioria dos pacientes suspende o uso sem dificuldades e sem recaída.


🩺 Quando o antidepressivo é indicado?

  • Transtornos depressivos

  • Transtornos de ansiedade (TAG, pânico, TOC, fobia social)

  • Transtorno disfórico pré-menstrual

  • Transtorno de estresse pós-traumático

  • Transtornos alimentares

  • Depressão associada a doenças crônicas

O uso é sempre avaliado caso a caso, com base em sintomas, gravidade e impacto na vida do paciente.


✍️ Conclusão

Antidepressivos não são vilões. São ferramentas importantes no tratamento da saúde mental, assim como antibióticos são para infecções ou insulina para diabetes.

Quando usados de forma adequada, com acompanhamento médico e informação de qualidade, eles podem transformar a vida de quem sofre em silêncio.

Desinformação gera medo. Informação salva.


📌 Assinatura final:

Dr. Osiel dos Reis Schott
Médico– CRM/SC [29730]
Atendimento presencial em Joinville – SC e online para todo o Brasil

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